• Recentemente o Papa João Paulo II voltou a fazer suas considerações ao reconhecer os erros do passado em relação à intolerância religiosa, por ocasião da publicação de um livro de autoria de Agostino Barromeu, professor da Universidade Católica de Sapienza-Itália.

    O trabalho deste autor se resume em mostrar que durante o tempo da Inquisição, que em alguns países como Portugal e Brasil chegaram a vigorar por 3,5 séculos, a Igreja Católica não foi tão carrasca e não matou tanto como ensinam todos os livros de história, pois apenas menos de 1,8% dos réus julgados foram mortos em suas fogueiras (Revista Isto É/1811 de 23/06/04). O Papa já havia pedido perdão pelos erros da Inquisição Católica no ano de 2000. Antes, porém, já havia também pedido perdão aos judeus, por ter o Vaticano se calado no período do Holocausto que ocorreu na 2a. Guerra Mundial.

  • Poderia um descendente de marrano ou cristão-novo ser considerado como judeu?

    A princípio, não, se partirmos do conceito atualmente estabelecido por Israel e sua constituição que consideram judeu aquele que descende de mãe judia ou aquela pessoa que não sendo judia, se converteu ao judaísmo. É uma lei e toda lei é para ser cumprida. Aplica-se aqui o famoso ditado “dura lex sede lex”, a lei é dura, mas é lei. Mas, por outro lado, sabe-se que há falhas em qualquer sistema legislativo. Há leis justas, mas também injustas.

  • Com dissemos, anteriormente, as Minas Gerais de ouro, esmeralda e diamantes atraíram os judeus e cristãos-novos, que vieram dos estados do norte brasileiro, de Portugal e de outros países, como Espanha e Itália.

    O grande fato é que o elemento judeu deixou um relevante legado no caldeamento étnico do Brasil colônia. Por isso, o tronco étnico do povo brasileiro é riquíssimo e, pode até ser considerado um fenômeno, a miscigenação de raças e costumes.

  • Modernamente, a antroponímia, ramo principal da onomástica, é o estudo dos antropónimos, ou seja, dos nomes próprios dos indivíduos.

    A tradição judaica sempre atrelou nomes próprios com seu significado, implicando, assim, uma identificação do futuro de um indivíduo com seu próprio nome. O próprio Nabucodonozor, rei da Babilônia, mudou o nome de quatro cativos hebreus, nobres de Jerusalém, Daniel, Hananinas, Misael e Azarias para Belteshazar, Shadrach, Meshach e Abed-Nego, proveitando dos talentos dos mesmos.

  • Já no século sete e seis a.C. dez das doze tribos de Israel começaram a se dispersar e a perder sua identidade judaica. Jeoaquim, rei de Judá, com todo povo foi levado cativo para a Babilônia durante o poderoso império de Nabucodonozor.

  • O nome Sefarad já aparece na bíblia por volta do ano 700/800 aC. Quando o profeta Obadias escreve:

    "... Os cativos deste exército dos filhos de Israel possuirão os cananeus até Zefarate; e os cativos de de Jerusalém, que estão em Sefarade, possuirão as cidades do Negeve”(Ob. 20). Em outras palavras, o termo em hebraico “sefarad” corresponde a região onde está localizada a Espanha atual. Negeve quer dizer em hebraico “sul”. Assim, podemos entender que esta profecia ainda não se cumpriu e que os judeus sefaraditas deverão ocupar as planície do sul do Estado de Israel. O termo sefardita hoje corresponde a todo judeu que teve sua ascendência na Espanha e de lá foram para Portugal, Brasil, Turquia, Marrocos e norte da África. A população da comunidade judaica chegou a representar mais de 20% da população ibérica. Os judeus cresceram e prosperaram durante séculos. Dominavam a ciência, a medicina, a astronomia, a matemática, o comércio e deram origem aos primeiros banqueiros para empréstimos de dinheiro, inclusive para o próprio Estado.

  • Em 1549 a Coroa Portuguesa nomeou para o Brasil um Governador Geral, tendo como sede deste governo a Bahia, capital da nova terra. Até então a Inquisição Portuguesa não havia sido introduzida no Brasil. Mas, devido ao grande número de marranos e cristãos novos, Portugal outorgava em 1580 poderes inquisitoriais ao bispo da Bahia. Os jesuítas foram autorizados a auxiliar os bispos no preparo de processar os heréticos e extraditar os acusados para os tribunais da Inquisição em Lisboa.

  • Na própria expedição de Pedro Álvares Cabral já aparecem alguns judeus, dentre eles, Gaspar Lemos, (seu nome antes da conversão era Elias Lipner),Capitão-mor, que gozava de grande prestígio com o Rei D. Manuel. Podemos imaginar que tamanha alegria regressou Gaspar Lemos a Portugal, levando consigo esta boa nova: - descobria-se um paraíso, uma terra cheia de rios e montanhas, fauna e flora jamais vistos. Teria pensado consigo: não seria ela uma “terra escolhida” para meus irmãos hebreus? Esta imaginação começou a tornar-se realidade quando o judeu Fernando de Noronha, primeiro arrendatário do Brasil, demanda trazer um grande número de mão de obra para explorar seiscentas milhas da costa, construindo e guarnecendo fortalezas na obrigação de pagar uma taxa de arrendamento à coroa portuguesa a partir do terceiro ano. Assim, milhares e milhares de judeus fugindo da chamada “Santa Inquisição” e das perseguições do “Santo Ofício” de Roma, começaram a colonizar este país.

  • Em 1591 nomeou-se o primeiro comissário do Santo Ofício, Heitor F. de Mendonça o qual chegou na Bahia no dia 09 de Junho. Oficialmente o decreto de instituição da Inquisição em Portugal e nos países do Reino só aconteceu no dia 31 de Março de 1821.

    Entretanto, a separação entre Igreja e Estado no Brasil só ocorreu em 1891, na primeira constituição republicana, quando o direito de crer ou não crer foi respeitado.

  • Um povo para ser destacado dentre as nações precisa conhecer sua identidade, buscando profundamente suas raízes. Os povos formadores do tronco racial do Brasil são perfeitamente conhecidos, como: o índio, o negro e o branco, destacando o elemento português, nosso colonizador. Mas, quem foram estes brancos portugueses? Pôr que eles vieram colonizar o Brasil ? Viriam eles atraídos só pelas riquezas e Maravilhas da terra Pau-Brasil ? A grande verdade é que muitos historiadores do Brasil colonial ocultaram uma casta étnica que havia em Portugal denominada por cristãos-novos, ou seja, os Judeus ! Pôr que ? (responder esta pergunta poderia ser objeto de um outro artigo).